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Pesquisa detalha perfil de enfermeiros que atuam na Atenção Básica de Saúde

Um estudo recente realizado pelo Núcleo de Estudos de Saúde Pública da Universidade Brasília (NESP/UnB) em parceria com o Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) mostrou que 72% dos enfermeiros atuam em equipes de Saúde da Família e são responsáveis pelo primeiro contato da população com os serviços públicos de assistência.

O levantamento, denominado “Práticas de Enfermagem no Contexto da Atenção Primária à Saúde”, realizado com 7.308 profissionais de todo país, também mostrou que 76% dos profissionais trabalham por 40 horas semanais e apenas 8% têm carga horária de 30 horas, defendida por representantes da categoria.

Sobre as condições das unidades de saúde onde trabalham, apenas 3,65% as consideram excelentes e 13,52% muito boas. A maioria, no entanto, avaliou as condições como boas (32,14%), enquanto 29,47% consideram regulares, 7,58% as acham ruins e 11,10% não escolheram nenhuma das alternativas.

Em relação ao gênero, a pesquisa da UnB e COFEN confirma o que toda população pode constatar nas unidades de saúde: a prevalência das mulheres nessa profissão. Elas representam 88,4% dos profissionais. Outra confirmação da pesquisa é que a maior parte dos profissionais – sejam homens e mulheres – é jovem e tem entre 36 e 40 anos de idade.

Entre a minoria de homens que atuam na profissão, o enfermeiro Abrahão Baldino é um dos que têm experiência no atendimento especializado dentro da chamada Estratégia Saúde da Família. Ele explica que a assistência implica em cuidar dos pacientes nos âmbitos preventivo, curativo e de recuperação.

Nesse tipo de atendimento, o foco é voltado para a atenção primária, família e comunidade, abrangendo todas as faixas etárias, envolvendo saúde da gestante, da criança, do adolescente, do homem, da mulher e de idosos. “Dentro das equipes multiprofissionais de saúde, o enfermeiro é quem gerencia o cuidado, planeja os atendimentos, orienta, referencia as famílias e, ainda, atende prestando os cuidados de enfermagem”, explica ele, que acumula mais de 10 anos de experiência na área.

Responsabilidade para além dos limites físicos das unidades de saúde

Abrahão Baldino explica que esse cuidado vai além do atendimento dentro das unidades de saúde, estendendo-se para outros aspectos da vida dos pacientes que podem impactar no bem-estar deles. “Cabe ao profissional enfermeiro lidar com as mais diversas situações familiares, que não só de saúde, mas inclusive, de contexto social, não sendo raro encontrar casos de maus-tratos a menores, mulheres e idosos, uso abusivo de álcool e drogas ilícitas. O atendimento vai além das residências das famílias propriamente ditas, ocorrendo também em asilos, creches, escolas, prostíbulos e inclusive, diretamente na rua, às pessoas nesta situação”, ressalta.

Além disso, dentro da Estratégia Saúde da Família, é realizado acompanhamento e monitoramento de saúde de centenas de famílias, que são agrupadas em territórios, localizados nas proximidades das Unidades Básicas de Saúde. “O enfermeiro atua como principal agente do Saúde da Família, exercendo uma função de coordenador, mediando o contato de todos outros profissionais de saúde com os pacientes, pois fica sob sua responsabilidade o cuidado de todo um território com até 1.000 famílias e/ou 4.500 habitantes”, informa Baldino.

Mais de 70% dos enfermeiros brasileiros têm especialização

A pesquisa do NESP/UnB e Cofen mostrou que os enfermeiros brasileiros prezam pela busca de conhecimento na profissão. Do total de entrevistados, 73,3% têm cursos de especialização. Outros 8,5% têm título de mestre e 1,1% de doutor. Além disso, 0,7% têm pós-doutorado e 3,3% possuem livre docência.

Em relação à instituição de ensino que frequentaram, 31,2% se formaram em instituição pública, 66,9% em instituição privada e 9,9% possuem outra graduação além da enfermagem.

Por conta das tarefas inerentes a quem trabalha com saúde da família, o profissional acaba desenvolvendo habilidades em áreas como gestão administrativa e financeira, recursos humanos e relacionamento interpessoal. “Costumo dizer que o caminho é se aperfeiçoar continuamente, não só em capacidades assistenciais, mas também em outras áreas. A rotina é pesada, mas é extremamente gratificante. Somente quem recebe um sorriso de um paciente, sabe o valor que tem e isso compensa qualquer sacrifício”, relata Abrahão Baldino, que também atua como educador na área.

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