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Qual a importância da formação continuada nas escolas?

O espaço escolar tem como essência ser coletivo, dinâmico e desafiador. Desta forma, é um espaço destinado à formação social, afetiva e cognitiva de crianças e adolescentes. Por isso, a formação continuada é uma importante ferramenta para atualização de professores.

Com ela, é possível elaborar práticas pedagógicas que consigam trazer situações e discussões relacionadas ao dia a dia das pessoas que fazem parte da comunidade escolar. De acordo com as pesquisadoras Fernanda Rossi e Dagmar Hunger, há pontos importantes sobre formação continuada:

· Continuidade: não é sobre oferecer pontualmente, ou de modo isolado, alguma palestra ou curso, é preciso que a formação seja pensada em sua continuidade, com as ações articuladas entre si e oferecidas de modo processual;

· Não confundir formação continuada com cursos externos: é claro que professores devem ser estimulados a buscarem cursos externos. Eles são importantes, mas não se configuram exatamente como formação continuada;

· Foco na realidade escolar: a formação continuada deve ser oferecida, prioritariamente, no espaço escolar, com discussões, que, muitas vezes, tratem de questões locais. Com isso, criando uma relação entre a teoria e a prática vivenciada pelos professores;

· Troca de experiências: é preciso focar em atividades não apenas teóricas, mas também práticas, de vivências e experimentações. A formação continuada é um espaço para reflexão sobre a prática e a teoria.

A formação continuada na pandemia

A formação continuada é uma importante estratégia de desenvolvimento da equipe pedagógica. Nela estão envolvidos não apenas professores, mas também coordenação, direção e todos aqueles que lidam diariamente com os estudantes.

A pandemia e o distanciamento social forçaram o desenvolvimento de novas maneiras de promover o ensino e o aprendizado. Rapidamente, as salas de aula saíram dos muros da escola e se restringiram aos aparelhos de computador, por meio de plataformas e outras soluções digitais.

Desta forma, todo o processo de formação continuada de 2020 teve foco em tecnologias. Sempre buscando maneiras de oferecer a melhor experiência de aula remota, minimizando ao máximo os prejuízos nesse contexto tão desafiador.

De acordo com Mayara Abdalla, coordenadora pedagógica do Sistema Gabarito, em 2021, o Colégio Gabarito optou por trabalhar com encontros focados em repensar o papel da educação. “Esse processo começou a partir da avaliação das aulas em si, uma vez que vivíamos um momento de adaptação para o que ficou popularmente conhecido como ensino híbrido”, adiciona a coordenadora.

A formação continuada focada nesse processo de transição foi essencial para manter a qualidade do ensino. Nesse contexto, ela foi ainda mais importante quando alguns alunos retornaram para o modo presencial e outros permaneceram no remoto.

Experiências com a formação continuada

Em 2022, entendendo a relevância do momento, não apenas quanto ao retorno às aulas e atividades presenciais, mas também pelos impactos da pandemia, foi necessário pensar na formação continuada de modo mais aprofundado e assertivo, com ações voltadas para os segmentos específicos.

O Colégio Gabarito buscou um planejamento anual estruturado e divulgado previamente. A proposta é de atividades direcionadas aos outros setores da escola e um maior investimento para garantir a participação de profissionais externos. Sendo assim, no início do ano letivo, todos os colaboradores receberam o planejamento anual, para que pudessem se organizar antecipadamente para as atividades previstas.

A coordenadora pedagógica, Mayara Abdalla, e sua equipe têm organizado o Programa de Formação Continuada. Esse tipo de programa confirma a necessidade de estarmos em constante processo de aprendizagem. Além disso, as atividades foram divididas em cinco eixos:

· Professores da educação Infantil e Ensino Fundamental I: quatro encontros anuais com o foco em criatividade, alfabetização e letramento.

· Professores do Ensino Fundamental II e Médio: quatro encontros anuais com o foco em reflexão, criatividade e metodologias ativas.

· Equipe Pedagógica: quatro encontros em formato de grupo de estudo com o foco nos fundamentos teóricos que sustentam a prática pedagógica.

· Equipe administrativa: três encontros voltados para alinhamento e orientações gerais sobre os colégios, como Pilares Pedagógicos, Missão, Visão e Valores.

· Lideranças: quatro encontros voltados para orientações e técnicas de gestão escolar.

Segundo Mayara, todos os encontros partiram de momentos de acolhimento e inspiração. “Para além do compartilhamento de conteúdo, ao nosso ver, faz-se necessário e urgente olhar para os sujeitos em suas subjetividades, possibilitando um ambiente convidativo para o diálogo e o afeto”, adiciona a coordenadora.

Acolhimento e evolução

O espaço escolar torna-se mais desafiador quando a cultura do afeto não é promovida. Ainda mais, considerando a complexidade do mundo acelerado, incerto e ambíguo em que vivemos. Sendo assim, é necessário preparar os estudantes para esse cenário.

A educação já vinha de um movimento de ressignificação, mas as mudanças aceleradas pela pandemia a colocaram em um lugar frágil e ao mesmo tempo potente. As consequências deste cenário afetam os aspectos cognitivos, sociais e emocionais da população, sobretudo, em países com tantas limitações socioeconômicas como o Brasil.

Essa defasagem, não só traz diversas preocupações para educadores, mas também os instiga a refletir sobre o estudante e suas limitações. Dessa maneira, é necessário promover reflexões sobre o fazer pedagógico, que, ao serem compartilhados, se fortalecem enquanto ações coletivas e transformadoras.

Além disso, é preciso trazer para o cotidiano escolar um “clima” de escuta e acolhimento. É preciso entender a escola como um organismo em constante processo de aprendizagem.

Uma conversa informal nos corredores, trocas de experiências e boas práticas tanto na sala de professores, quanto em meios digitais, também, são importantes. Esse tipo de hábito fortalece as experiências de ensino e a construção coletiva da identidade da instituição. Como diria Paulo Freire: “Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender”.

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